Simpósios
Os interessados em apresentar trabalhos nos simpósios devem submeter, até 30.04.2022, aos respectivos organizadores, por e-mail, resumo de 150 a 200 palavras. Os organizadores serão responsáveis pelo aceite e definição do dia e ordem das apresentações.
1 - LEITURAS LITERÁRIAS DA DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA
Dr. César Alessandro Sagrillo Figueiredo (UFNT-Tocantinópolis) - cesarpolitika@uft.edu.br
Dr. Moisés Pereira da Silva (UFNT-Araguaína) - moisés.pereira@uft.edu.br
Resumo: A presente proposta possui como objetivo principal reunir comunicações que dialoguem com diferentes perspectivas de estudos que envolvam as interfaces da literatura com a história e a memória no contexto da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Justificamos a relevância dessa articulação teórica, pois compreendemos o quanto a literatura se empenha em responder as diferentes linguagens e expressões que os escritores se detiveram acerca do tempo vivido, igualmente, sobre os distintos eventos históricos inclusos nesse período. A proposta, portanto, considera pertinente comunicação que vislumbre esse diálogo profícuo, sobretudo mobilizando a literatura, a memória e outros elementos que possam contribuir na produção de saberes sobre o tema. Desejamos, com essa proposição, alargar as fronteiras, os objetos e as fontes a partir de comunicações que venham, também, responder a debates e a questões sobre a literatura regional brasileira inscrita nesse período ditatorial.
Palavras-chave: ditadura e literatura; literatura e memória da ditadura; literatura no Norte.
2 - ANÁLISE DE DISCURSO E VIOLÊNCIA
Dra. Nilsa Brito Ribeiro (UNIFESSPA) - nilsa@unifesspa.edu.br
Dra. Janete Silva dos Santos (UFNT) - janetesantos@uft.edu.br
Dr. João de Deus Leite (UFNT) - joaodedeus@uft.edu.br
Resumo: Neste simpósio temático, estamos interessados na discussão da temática da violência sob a perspectiva discursiva. Por assim dizer, a violência é tomada na condição de discurso, que envolve o entrelaçamento de algumas categorias teóricas importantes, quais sejam: (1) linguagem, como instância de significação, cujo funcionamento aponta para a opacidade de sentidos e de não sentidos; (2) sociedade, como instância em que os processos discursivos são sedimentados em sua contradição e em sua divisão desigual; (3) sujeito, fruto do processo de interpelação ideológica, que pressupõe a passagem do indivíduo a sujeito. Estamos interessados, mais de perto, no fato de que a violência, à luz dessas três categorias, articuladas a outras pertinentes ao campo da Análise de Discurso francesa, encerra, na sociedade, processos políticos e simbólicos, de modo a sobredeterminar o ritual de interpelação ideológica. Portanto, há processos sócio-históricos e ideológicos, ancorando a produção de práticas discursivas de violência, em que os sujeitos são aí concernidos e inscritos. No âmbito da AD, as categorias "político" e "simbólico" são operacionais para problematizarmos a perspectiva da violência, tendo como base diferentes materialidades discursivas. Assim, o analista de discurso pode jogar, teórico-analiticamente, com o binômio "unidade-dispersão dos sentidos". Num movimento de descrição e de interpretação sobre a materialidade enfocada, o efeito de naturalização de determinadas práticas discursivas de violência podem ser questionado, de modo a expor o funcionamento dessas práticas em nossa sociedade. Gostaríamos que diferentes pesquisadores pudessem se debruçar conosco sobre a referida temática, de maneira a pôr em foco diferentes corpora, que nos permitam pensar como a violência possui vários modos de constituição, de formulação e de circulação nas sociedades.
Palavras-chave: violência em diferentes espaços discursivos; violência e processos de subjetivação na sociedade contemporânea; violência e suas forças institucionais de constituição; violência no e pelo discurso digital; violência, arquivo e memória; violência e a fratura do laço social.
3 - QUANTOS ARAGUAIAS? QUANTAS TREBLINKAS? - TESTEMUNHOS, REMEMORAÇÃO E RESISTÊNCIAS
Abilio Pachêco de Souza (POSLET-UNIFESSPA) - abiliopacheco@unifesspa.edu.br
Airton Souza de Oliveira (egresso UNIFESSPA - Doutorando UFPA)
Iran de Souza (Doutorando UFPA)
Resumo: O narrador do romance Pessach, de Carlos Heitor Cony, ouve seu pai judeu afirmar que Treblinka pode ser Olaria. Roberto Vecchi, professor e pesquisador, cita o Araguaia como um palimpsesto. Memórias escritas, shoahs a-tópicas. A "geografia mundial da barbárie" (Valéria de Marco, 2004) não tem fronteira ou limites, tanto podemos falar de Araguaias, Treblinkas, Guernicas, Babi Yar, Mariupol. Num evento que se rememoram os 50 anos da tragédia e da catástrofe ocorrida durante Guerrilha do Araguaia, este simpósio acolhe trabalhos que apresentem pesquisas sobre representação da violência e sobre obras de teor testemunhal (literárias ou visuais) que versem sobre a Guerrilha ocorrida na região do Bico do Papagaio, mas também sobre outros eventos históricos semelhantes. Temos preferências por pesquisas envolvendo autores e obras do Norte/Amazônia brasileira, embora isto não seja uma restrição.
Palavras-chave: Guerrilha do Araguaia, literatura de testemunho, representação da violência
4 - MEMÓRIAS DAS DITADURAS LATINO-AMERICANAS: EXÍLIO, LITERATURA E POLÍTICA
Nilcéia Valdati (UNICENTRO) - valdati@gmail.com
Keli Pacheco (UEPG) - kcpacheco@uepg.br
Resumo: Na última década deste século tem sido volumosa a publicação literária e crítica em torno das ditaduras latino-americanas. A criação da Comissão Nacional da Verdade, em 2012, desencadeou, em certo sentido, a urgência de se falar sobre tal momento histórico e político e possibilitou abrir caminhos para tocar novamente em memórias individuais, coletivas e herdadas. São exemplos, os livros A resistência, de Julián Fuks (2015), Corpo interminável, de Cláudia Lage (2019), Volto semana que vem, de Maria Regina Pilla (2016), K: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski (2014), Outros cantos, de Maria Valéria Rezende (2016), O amor dos homens avulsos, de Victor Heringer (2016), Mar azul, de Paloma Vidal (2012) e Inventário das coisas ausentes, de Carola Saavedra (2016). Destaca-se também A literatura como arquivo da ditadura brasileira, de Eurídice Figueiredo(2017), e os dois dossiês publicados pela revista Estudos de literatura brasileira contemporânea, em 2014 e 2020. Neste sentido, este simpósio busca reunir comunicações que proponham pensar as forças da memória e o deslocamento do exílio, a partir da leitura de trabalhos literários, críticos, artísticos, cujo elemento potencializador é o período ditatorial latino-americano. Trabalhos que discutam maneiras de observar a possibilidade de uma política da sobrevivência, a qual coloca em jogo a prática do "desaparecimento forçado" e o apagamento das possibilidades de construção de uma memória para heranças futuras, a partir da aliança da história com a literatura ou outras artes (VECCHI, 2021), bem como discutam a criação de uma pós-ficção, pós-memória, pós-verdade (FUKS, 2018).
Palavras-chave: ditaduras latino-americanas; memória; exílio.
5 - VOZES À MARGEM: MULHERES E INDÍGENAS NA DITADURA
Ana Lúcia Tettamanzy - (UFRGS) - atettamanzy@terra.com.br
Cinara Antunes Ferreira - (UFRGS) - cinaraferreira@ufrgs.br
Resumo: Os regimes totalitários que se estabeleceram na América Latina no decorrer do século XX não apenas se apresentaram como um golpe à organização social e política, baseada na democracia, como também constituíram um golpe contra a representação. No Brasil, o regime militar se impôs através da violência às manifestações políticas e às manifestações culturais que instauraram a divergência em relação ao sistema. A situação tornou-se ainda mais crítica quando essas produções eram oriundas de grupos minoritários como o das mulheres e dos indígenas. Particularmente a literatura de testemunho foi pouco desenvolvida, até pelo fato de nossa memória histórica ser enfraquecida por processos de apaziguamento como a anistia aos militares e a fragilidade na construção de arquivos e espaços de elaboração dos traumas frente aos crimes de Estado. Ainda assim, houve resistências no período e no âmbito das artes e da cultura o jogo de forças se estabeleceu no sentido de trazer à tona o silenciado. Propomos então que se recupere a produção literária e em outras linguagens de autoria de mulheres e de indígenas que permitam reconhecer o engajamento e as lutas desses segmentos no contexto dos anos de chumbo de uma ditadura que nada teve de branda.
Palavras-chave: literatura e história; mulheres e indígenas na ditadura; literatura e outras linguagens.